Tantos textos... Tantas palavras... Palavra dita três vezes. Na peça anunciamos: “não há palavras”, isso depois de mais de uma hora de falação. Sempre me pergunto sobre o que falávamos mesmo?
Esse final de semana teve um acontecimento divertido. Algo que já tínhamos feito no CHALAÇA por motivos mais sérios. Invertemos os papeis. A Paula fez o Primeiro Coveiro na primeira cena da peça e eu (Carlos) fiz o Primeiro Coveiro no embate com o Príncipe Olavo Bilac (Daniel!). Trocamos... Ela fez o que geralmente faço e vice-versa. E... Deu certo. “O que é dar certo?” Vários pequenos erros que tornaram as cenas mais vibrantes porque mexeu em toda estrutura molar da pecinha. “Estrutura Molar”? O Deleuze explica!
Esse amadurecimento vindo de um certo descompromisso compromissado é uma possibilidade de fazer do teatro, ainda, uma zona de turbulência. Um local de incertezas, de vivências e experiências únicas... Efêmeras, sem dúvida. Rizomáticas, sem dúvida 2 (para continuar do Deleuze). Vivas... Intensas... E necessárias.
Sim, foi só uma troca de papeis... Algo q desejávamos desde o Galvez Imperador do Acre. Essa troca faz a posse da ação vir por terra. Faz o domínio da cena vir por terra. Faz o sistema ser mais importante do que o indivíduo e mostra, talvez, possibilidades de se fazer um teatro outro: Inseguro e pronto para o fracasso. Não sei... Devaneios.
Esse final de semana teve um acontecimento triste. Pela primeira vez a Cia. Les Commediens Tropicales teve que cancelar uma apresentação por falta de público. Já fizemos o CHALAÇA para uma pessoa... Nunca havíamos cancelado uma apresentação. Não tivemos UMA pessoa na sexta. É uma sensação estranha. Esperar uma semana para “trabalhar” e não “trabalhar”. Mais uma frustração. Na cadeia dos substratos... Aprendemos mais um... Qual a questão ética causada por essa Dobra?
Desisto de Deleuze para tentar entender esses acontecimentos. Na noite da estréia a Georgette estava conosco e disse: “estamos prontos para o fracasso?” – Nós rimos, gritamos FRACASSO várias vezes... Só acredito que não tomamos a dimensão do que ela dizia... O Gonza (Daniel – ele representa vários papéis) disse no sábado: “mexemos com Augusto e conseguimos um natimorto.” – Como podemos lidar com um artista como Augusto e não nos prepararmos para uma experiência similar? O que de fato aprendemos com aquilo que fazemos? Será que o teatro não perde nunca seu caráter ficcional? Nem mesmo para os artistas envolvidos? Não sei...
Não sei onde iremos parar... Prevejo, triste, que muitos já estejam parando e essa vida líquida tenha nos afogado, a todos.
Sexta, pós-feriado, tem mais. Se você aparecer, estaremos por lá.
“Ganhos e percas”, como dizia o Marcio Aurelio. Por que sempre as “percas” é que se tornam molares.
Fuck of Deleuze!
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