terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O Último da Última

Será o 15º Final de Semana da nossa pecita. Quase quatro meses em cartaz. Mais de 40 apresentações. Um ano de trabalho... Muito trabalho... Trabalho demais... É quase impossível olhar para trás e relembrar todo o percurso. Ainda não estamos maduros o suficiente... Mas a pecita vai-se embora. Passagem... É preciso saber-se passagem.

Tantas pessoas que passaram para q esse espetáculo exista... Para Augusto sair das catacumbas dos poetas mortos... É sempre uma tristeza anunciada saber que uma peça chegará ao seu final. Talvez nos acostumemos um dia. Acostumamos-nos a tudo.

Lembro das últimas apresentações de várias peças que fiz... Tem aquelas que terminam de supetão. Inesperadamente... Acaba. E cantamos: “depois da morte inda teremos filhos”. Cantamos para subir... As últimas três apresentações dA Última Quimera. O final do ano de 2007. Ano impar. É agora ou nunca?!

Pensei em agradecer a todos os que participaram da criação da nossa pecita, mas acho que não prestaria uma homenagem digna da ajuda dada. A Quimera dos mortos veio à luz de velas e de elipsoidais e de carcaças remontadas com colortrans e brilhou e apagou-se... E a nós, como também cantamos, que sirva o vaticínio augustiano/angustiante:

“E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!”

A Cia. Les Commediens Tropicales enterra mais um... E um novo começa a surgir. É o ciclo?!

Aos meus filhos
Augusto dos Anjos

Na intermitência da vital canseira,
Sois vós que sustentais (Força Alta exige-o...)
Com o vosso catalítico prestígio,
Meu fantasma de carne passageira!

Vulcão da bioquímica fogueira
Destruiu-me todo o orgânico fastígio...
Dai-me asas, pois, para o último remígio,
Dai-me alma, pois, para a hora derradeira!

Culminâncias humanas ainda obscuras,
Expressões do universo radioativo,
Ions emanados do meu próprio ideal,

Benditos vós, que, em épocas futuras,
Haveis de ser no mundo subjetivo,
Minha continuidade emocional!

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu artigo sai na Gazeta sexta dia 21/12. Voltem em 2008 com o espetáculo. Fiquei curioso para vê-lo. Adoro Augusto e sempre quis enforcar Bilac por tudo - inclusive o serviço miliatr obrigatório. Mas "A Via Láctea" é uma obra de arte...
abç, Márcio Rodrigo